Aconteceu no último final de semana o II Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara com o tema “Território, Coletividade e práticas econômicas alternativas”. 

Entre os dias 19 e 20 de novembro, estivemos reunidas e reunidos no II Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara, dedicado à memória de Dandara e Zumbi. Nós, que construímos a Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, reafirmamos nosso compromisso em realmar a Economia, para que não continue servindo à morte, mas passe a servir à vida em abundância; que não seja centrada no bem de poucos, mas no Bem Comum; para que não destrua a Criação, mas que respeite e cuide de tudo aquilo que existe e vive.

Reafirmamos que economia é corpo e território, e, desse modo, passa pela experiência de soberania e resistência dos povos, na luta contra o racismo, contra o patriarcado e contra toda política de extermínio que, por meio da economia, erguem, na cidade e no campo, segregação, dependência e morte. Por isso, denunciamos todos os projetos feitos para precarizar ainda mais a vida do povo, como a PEC do Teto de Gastos, a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a Autonomia do Banco Central, a PEC dos Precatórios, e a tentativa de implementar a Reforma Administrativa, instrumentos que concentram poder e aumentam a desigualdade e a pobreza multidimensional. Denunciamos a ganância, a intimidação, o autoritarismo e o fundamentalismo religioso. Denunciamos a desnaturalização da natureza e a desumanização da humanidade.

Coletividade, memória e afeto conduziram nossos caminhos até aqui. De 2019 a 2021 temos buscado organizar em cada região do país os rostos e as vozes da Economia de Francisco e Clara. Sabemos, hoje, que a provocação feita pelo Papa Francisco é um chamado a construirmos uma cultura de solidariedade e cooperação.

Potencializar o território é o compromisso que assumimos quando direcionamos a construção da Economia de Francisco e Clara às periferias do país, na certeza de que a comunidade apresenta respostas à crise civilizatória que nos atravessa e nos mata um pouco mais a cada dia. Atendemos ao alerta do Papa Francisco quando afirma: “Não deixemos que nos roubem a comunidade!” (EG 92).

Práticas econômicas alternativas para a construção da Economia de Francisco e Clara simbolizam o respeito histórico a todas aquelas e aqueles que já construíam, muito antes do chamado do Papa Francisco, Economias anticapitalistas que nos apontam um horizonte de justiça e paz. A partir dessas experiências de utopia concreta, a Economia de Francisco e Clara abraça e impulsiona as forças que se somam para a transição ecológica ao Bem Viver dos povos.

Esperançamos a concretização das Casas de Francisco e Clara. Esperançamos a partir da difusão da educação popular e ecológica, como anúncio primaveril de novos tempos. Uma educação desenvolvida pelos debaixo, capaz de criar coesão dos sonhos coletivos para alcançar realidades possíveis de cooperação, solidariedade e de irmandade latino americana e mundial. Comecemos, “pois até agora pouco ou nada fizemos” (1Cel 103).

Não precisamos pedir permissão!

Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara
Dia da Consciência Negra
20 de novembro de 2021

Acompanhe nos vídeos abaixo a abertura e o encerramento do II Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara