Leia nossa carta compromisso com o Papa Francisco a partir da Economia de Francisco e Clara no Brasil.

Transcorridas várias semanas do encontro internacional Economy of Francesco (Economia de Francisco), na cidade de Assis, Itália, onde mais de mil jovens de todo o mundo estiveram reunidos, junto à presença calorosa do Papa Francisco, é obrigação da delegação brasileira participante no evento aterrar as perspectivas no chão do movimento brasileiro que se organiza há mais de três anos em volta deste novo pacto econômico.

“Estamos fazendo o suficiente para mudar essa economia ou nos contentamos em envernizar uma parede, mudando de cor, sem mudar a estrutura da casa? Não se trata de dar algumas pinceladas de verniz, não: é preciso mudar a estrutura” – Papa Francisco

Os jovens vindos de diversos lugares do mundo traziam um sinal de esperança. Jovens que enfrentam guerras, conflitos armados, narcotráfico, aqueles que construíram projetos de sustentabilidade econômica, social, ambiental e outros de movimentos sociais, eclesiais e políticos expressivos. E uma grande parcela daqueles que ainda querem se inserir num processo de mudança e viram no Papa uma referência de valores e perspectivas de ações à luz do tripé inovador da Doutrina Social da Igreja em seu pontificado: a ecologia, a economia e a educação.

Estamos testemunhando no mundo inteiro jovens que se organizam a partir de uma dessas três dimensões da vida social e, a partir do chamado do Papa, vem se inserindo em processos de mudança local e global.

Portanto, unidos aos três chamados do Papa em seu discurso: (1) fazer uma economia profética; (2) resgatar o bem viver; (3) pensar e transformar o mundo do trabalho, e unindo-as às três dimensões de atuação da nossa articulação brasileira definida há dois anos, a saber (4) territórios, (5) movimentos populares e (6) educação, nos comprometemos a:

  1. Construir uma economia profética, “olhar para o mundo através dos pobres”, na perspectiva do bem comum, para a garantia de uma vida plena a partir do direito de todos à terra, teto e trabalho, dos direitos sociais, humanos e de cidadania. Debruçando-se em processos de reflexão e novas práticas ao pensar o desenvolvimento territorial integrado, pensando a vida coletiva a partir de novas relações econômicas, sociais e ambientais: uma economia comunitária. Numa perspectiva anticapitalista, rompendo com a cultura do descarte e da exploração e opressão, e construindo novos paradigmas econômicos a partir da cultura do encontro e do cuidado com as pessoas, com tudo que vive e com a nossa casa comum;
  2. Difundir ideias, práticas e vivências do bem viver a partir da experiência de desinvestimento na economia da morte pela superação do modelo de desenvolvimento capitalista, propondo outras maneiras de prosperidade humana e ecológica, como, por exemplo, o desinvestimento em mineração e combustíveis fósseis construindo uma transição ecológica;
  3. Fomentar experiências de trabalho digno a partir do resgate dos direitos trabalhistas e construir uma política irrestrita de renda básica de cidadania, disputando um novo paradigma tecnoeconômico que priorize novas cadeias produtivas locais combatendo o monopólio dos mercados;
  4. Cultivar nos territórios a cultura do encontro e com o povo construir resistência ao modelo predatório de vida social fomentando processos de transformação social, cultural e ecológica por alternativas econômicas ao desenvolvimento pensando e propondo novas formas de habitar as cidades e o campo;
  5. Ser Movimento Popular providenciando espaços de participação local, regional e nacional que são espaços privilegiados de aprendizado coletivo para a democratização da sociedade;
  6. Assumir-se educador de economias do bem comum promovendo espaços de articulação do conhecimento crítico ao modelo capitalista, fomentando importantes leituras pluralistas da compreensão do mundo e assumindo uma postura coletiva de criarmos cada vez mais articuladores da Economia de Francisco e Clara.

Com o coração carregado das lutas e sonhos por outros mundos possíveis de nossos lugares e com a esperança de sermos um grande movimento de anúncio de bens comuns da humanidade, não nos despedimos, mas te convidamos a caminhar conosco!

Juventudes da ABEFC presentes no encontro em Assis com o Papa Francisco

Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara

Fotos de Assis